Diante de tanta fome, quem tem a barriga cheia, não vale o que lhe sai de dentro. E a crentaiada, por provar ter sido escolhida, querendo fazer fortuna. Quanto, um Baccarat, um Dom Pérignon, a trufa branca? E tu inda vota no patrão!
Tocando seus instrumentos, subiam todos a Ladeira do São Bento, dançando à sua maneira, machos para conquistar a fêmeas e estas a conquistar os machos. Uns, à guisa de fantasia, portavam algum adereço que se podia transformar em arma. O pessoal da segurança, tomava de um e de outro estes adereços, macar, não pudessem desarmar a todos. Me via jovem e conquistador de lindas mulheres e tantas eram que as oferecia aos amigos e todas aceitavam minha indicação. Não posso entender a razão deste poder. Mandei-as para muitos e era invejado por causa disto. Alguém prometeu-me uma surra e não foi Gerald Thomas, disseram-me de Osvaldo Sousa, mas não acreditei, maguer, realmente tivesse ficado amedrontado. Pior seria se demonstrasse medo. Mentira que não haja homem sem medo, eles simplesmente sabiam esconder o medo e se tornaram heróis. Assim queria eu fazer e fazia. Como era mesmo nome daquela morena? Me esqueci.
Sodade, meu bem, sodade, foi-se embora pro Japão, machucou meu coração. Ikuko, a baixinha do Cipango, como quase todos ali, olhou pra ele e riu. Rir é linguagem universal da amizade, do carinho do amor e ele sabia que dali alguma coisa ia sair. Y.M.C.A, Foi nele. Descendo para o café? The kogente chamava o café da Jandir
Sentados na pedra, ela e eu. Olhávamos o desfile n’avenida. brilhantes casacos de marmota, elegantes chapéus na cabeça. Assim se mostram as pessoas. Ó. Sentados na pedra, ela e eu mergulhados na multidão d’avenida saltitante d’homens caçadores, de fêmeas seminuas, como lobas no cio, retorcendo-se para o mundo, espalhando desejos inconfessos, ânsia de amar, de gozar e morrer. Vai buscar dalila, vai buscar dalila, rapaz! Vai tirar Dalila, vai tirar Dalila, rapá, daquela confusão. É o apocalipse. É o apocalipse, na tira. Jesus está voltando, irmão! Tá mesmo? E vai ser uma grande confusão. E eu vou comer, eu vou comê-lo, no meio da confusão! Vai buscar Dalila, vai buscar Dalila, irmão! Ih!
Ele estava sentado de pernas cruzadas, à maneira de Buda ela encostou a cabeça no colo dele e ele começou a desabotoar a braguilha. Eu a puxava pelas pernas e ela se agarrava a ele. Alguns amigos deles vinham pelo corredor expressando sons lascivos de um coito. Chegaram e olharam para mim, fazendo gozação, com os dedos na cabeça, chamando-me. Você tá doido para que eu diga. Não vou dizer. Peguei de um serrote, ele estava bem afiado, cortar seu pescoço, força e não corria sangue e não morria e ela ria, de mim que chorava, gritando seu nome, pedindo perdão, ela ria.
Não me importo com eles, se quiserem podem sair pelo mar. O mar é livre. Não querem livrez? Corpos boiando feito merda ao sabor da ondas. Não, ela não tem bigodim, nem pênis, né, Freud? Manca-lhe, um e lhe trás sofrência e no sofrimento do outro, a sublimação. má, só por isso. Perversa e pervertida. Que nos resta? Dizer é crime. Aqui, mesmo respirar, é crime. Falar, nem se fala. Tiram-te emprego, oportunidades, tudo muito silenciosamente e tu não sabes porquê estás sendo recusado. A ditadura do esquecimento, do ostracismo, do cancelamento. Você quer mais. Tiveram um bom mestre. Bons, superaram-no, alunos. E para entrares em alguns países tiram-te toda roupa, para se certificarem de não és um terrorista carregando uma arma secreta para matar pessoas. Por baixo do pano, minam ações e palavras que julguem ofensivas. Juízes da própria causa. E tu ficas paralisado, um dálite onde quer que se apresente.