segunda-feira, 23 de julho de 2018
















                                                    Estranhas horas. Te vi. Por quê fados te mostraste? Ah Fortuna cruel, ah duros Fados! Quanto melhor me fora que vira, os doces bem de amor? Ah bens suaves, por quê me deixas, sem ti  agora, por quê me deixas? Choro este fim, quisera eu mudar os fados, mas bem sei, contra a força do destino ninguém pode lutar e vencer. Parte-me o coração, de pensar o inexorável. E o berimbau ressoa sobre a Praça Dam. Um chapéu recolhia os florins atiçados pelos transeuntes. A ingenuidade de ser descoberto por um produtor. Não sabia que tudo era feito por trocas. Ninguém dava coisa alguma se não tivesse uma boa recompensa, seja em dinheiro, seja em sexo. Sim, porque o sexo no meio artístico conta tanto quanto o dinheiro. Hoje se fala em assédio. Quem assediava mais os produtores ou os artistas querendo fazer sucesso? Quanta hipocrisia? Agora depois que se alcançou, com seu corpo. tudo o que se queria, e sob olhar complacente e cúmplice de todos, passados, às vezes, mais de 20 anos,  denuncia-se alguém e  se destrói toda uma vida.  O delator, passa como o coitadinho, o delatado como monstro. Por quê na hora de empurrar a ceguinha entre as pernas não se a trancou e não se disse: Não, a este preço eu não quero a fama. Não, não foi isto o que aconteceu. Abriu-se as pernas generosamente e até mesmo ajudou-se a ceguinha entrar firmemente na garganta profunda. Por quem você chamou na hora que estava gozando? Oh, my God, oh, mon Dieu, foram tantas as línguas que se pede a conta. Porque só se chama por Deus, nestas horas de profundo gozo, ou profunda miséria. Quando aconteceu o tsunami quantos gritos de gozo, quantos de sofrimento? Humanopocrisia.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

















                                          Quem (Wie, diz o holandês) há de me socorrer quando por ti, choro lágrimas de sangue, não as de Joelma Calypso. Ah! se tu soubesses o que vai aqui dentro. Tu, que em impeto abrasas escondido, Tu, que em rosto corres desatado, quando fogo em cristais aprisionado, quando cristal em chamas derretido; Se és fogo, como passas brandamente? Se és neve, como queimas com porfia? 
                                   Derrama, sem doer, sangue meu, alma exangue, como extrair o sumo da vida? Bloed, bloed, quem te fará estancar? Por quem choras, alma minha? Se vires qu´inda posso merecer-te,  saudade minha, não hesites em fazê-lo,  dá-me a saber.
                                          Desde que te vi, amor meu, lutei por ocultar esta paixão. Em vão, ela me tomou inteiro o coração. Então gritei ao mundo, meu grande amor, fiz ver a todos minha dor, que todos saibam, dês o dia em que te vi, cativo estou.
                                           Nem sei mais onde estavas, dia fatídico, estranhas  horas. Horas estranhas. Era tarde no meu sertão. Os papagaios, ajuruetês, voavam alto, em dois, sempre o casal, fidelidade em cem anos, sempre em par.